Caio Dias

A baixa umidade do ar, característica nesta época do ano, pode trazer diversos incômodos. Tanto à pele como as mucosas internas do corpo sofrem com o tempo seco, propiciando surgimento de doenças, como as dermatites e problemas nas vias respiratórias.

Por isso conversamos com o pneumologista Clovis Botelho, para falar sobre esses assuntos respiratórios em tempos de seca.

Como sobreviver a estas mudanças repentinas de temperatura em Cuiabá?

“O nosso pulmão, nossas vias aéreas trabalham com o limite de temperatura e umidade relativa do ar, não podemos nem em excesso como estava há poucos dias aqui na capital, com umidade relativa do ar em torno de 10%, isso acarreta um trabalho maior para o nosso pulmão que no alvéolo, temos que ter a temperatura de 36, 36,5, e uma umidade relativa do ar em torno de 97%. Quer dizer que se aqui fora não está adequado, o nosso aparelho de respiração trabalha para colocar o ar no alvéolo, para sair células gasosas onde entra oxigênio e o gás carbônico sai, então obviamente o pulmão trabalha mais nesse sentido, qualquer extremo ou muito frio ou muito quente o pulmão trabalha mais, nessa época do ano agora junto com esse clima que é muito seco e quente, temos a fumaça das queimadas que é um problema sério. Imagina a quantidade de poluentes e materiais particulados que estão no ar e que estamos respirando, os agressores se somam, e particularmente agora com a umidade alta, o nosso pulmão demora de dois a três dias para se adaptar, então qualquer extremo ou mais ou menos o nosso pulmão tem que trabalhar mais”. Comentou o pneumologista.

O tempo seco e a baixa umidade do ar podem causar problemas respiratórios?

“Com certeza, o ressecamento fica mais vulnerável a essa mudança, então qualquer partícula, qualquer bactéria ou vírus, pode nos agredir mais facilmente que uma mucosa integra. Fazendo a analogia a uma queimadura, onde uma pele íntegra resiste mais as agressões”. Comentou o pneumologista.

Quais os cuidados que temos que ter durante esse tempo seco?

“Qualquer coisa que a pessoa pode fazer para umidificar o ambiente é bem-vindo, além de dar uma sensação prazerosa de respirar um ar mais umidificado é bom e importante. E ao mesmo tempo é bom se hidratar, beber muita agua, porque a hidratação interna é melhor e muito fácil hidratar as nossas vias áreas de dentro para fora, do que de fora para dentro, naturalmente a sensação de umidificar o ambiente, e qualquer meio que a pessoa possa ter, seja umidificador, bacia com água entre outros e qualquer coisa que a pessoa puder fazer para melhorar a umidade funciona muito bem, mas o principal beber agua que é muito importante”. Comentou o médico Clóvis Botelho.

Estamos em época de covid, as pessoas correm mais risco de serem infectadas?

“Com toda certeza, nessa pandemia estamos cada vez aprendendo mais, os acontecimentos desde dezembro, janeiro, fevereiro já não servem muito mais agora, temos novos conhecimentos, mais aprendizado. Quando você tem uma via respiratória, mais friável e mais vulnerável, e o tempo mais seco e cheio de fumaça, fica mais fácil de ser infectado pelo vírus, na verdade temos uma relação de carga viral, de uma quantidade de vírus, vai ter uma resposta maior ou menor dependendo do paciente. Então se você tem uma carga viral pequena o organismo fica mais fácil de se defender, agora quando a carga viral é maior e você inala fumaça de queimada, e essa quantidade toda penetra no seu organismo ai o efeito é maior, então a saúde é muito bem explicada, porque não basta ser um ou dois vírus, se for dois milhões de vírus a carga pode ser muito maior. Então a nossa mucosa respiratória preservada e íntegra, se defende mais facilmente das agressões inclusive do vírus do coronavirus, a preocupação maior nossa da área da saúde, é saber diferenciar qual tipo de doença respiratória é, coronavirus, gripe, resfriado, irritação das vias áreas, fumaças, sequidão do tempo. Então se a pessoa tiver qualquer sintoma, consulte um médico imediatamente para que ele possa identificar, principalmente as pessoas que fazem parte do grupo de risco”. Finalizou o médico Clóvis Botelho.