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Entrevistas

26/05/2020 | 22:43

Suinocultura em Mato Grosso é destaque na criação em meio a pandemia

Caio Dias 

A indústria de processamento de carne animal, vem se mostrando cada vez mais preparada para passar pela pandemia mais forte, onde o sistema de biossegurança foi fator de preparo muito antes do fenômeno da pandemia, visando proteger seus colaboradores e também a produção. Agora com as novas regras de higiene para todos, foram feitas pequenas adaptações e conseguiram manter o emprego e a renda dos funcionários. Reinaldo Gomes, empresário do ramo da suinocultura de Mato Grosso, comentou um pouco sobre o trabalho que estão fazendo durante a pandemia. 

A indústria está se adaptando à pandemia e também as normas de saúde orientadas pelas organizações mundiais, para proteger a população. Quais são estas adaptações?

“A indústria que eu participo de produção de alimentos, principalmente a indústria da produção de carnes na qual sou suinocultor e tenho frigoríficos de abate de suínos não parou porque nós temos todo o controle sanitário de biossegurança, que é um dos mais rígidos feito pelo ministério da agricultura, para que nós possamos ter condições, não só de vender a nossa produção aqui no Brasil, como também exportar. Então em função disso já temos todas as medidas de biossegurança. O que fizemos durante esses dias nas nossas unidades de Diamantino, nossa granja de Pedra Preta, nosso frigorifico de Tangará da Serra, frigorifico de Várzea Grande e também em nosso escritório em Cuiabá, foi liberar todos os funcionários do grupo de risco, aqueles que tinha condições de fazer home office, estão trabalhando de casa, e aqueles que trabalham na produção de suíno vão de ônibus, onde o veículo trafega com janelas abertas e são desinfetados todos os dias, com todos os funcionários usando máscaras e os horários dos refeitórios alternados para evitar aglomerações. A partir de qualquer sintoma pedimos para que fique em casa, ou procure um médico e faça os exames. Então estamos tomando todos os cuidados burocráticos, para que possamos avançar sem colocar em risco a saúde de nenhum dos nossos colaboradores, produzindo alimentos para que a população também não seja desabastecida.” Disse Reinaldo. 

E essas medidas profiláticas, vão se tornar o novo normal? Apenas para os empresários ou também para o restante da população:

“Na indústria de produção de alimentos, este já é o normal, onde essas medidas já são implantadas a mais de 10 ou 15 anos. O que aconteceu foi que com essas normas foram acrescentadas mais algumas medidas, e no nosso caso eu acredito que essas medidas vieram para ficar e no decorrer das próximas semanas e próximos meses, se Deus quiser iremos passar por esse momento forte da contaminação do Coronavirus, eu acredito que ela tende a vir mais próximo com a normalidade, mas dizer que vai ser exatamente como era antes eu acho difícil. Até do ponto de vista empresarial onde reuniões eram presenciais, porque se pararmos para pensar seria difícil participar da entrevista, participar de um programa se não fosse presencial, agora conseguimos encontrar alternativas e acredito que com elas, poderemos flexibilizar com as ações nas empresas e os funcionários ficarem mais livres e mais próximos, podendo assim se aproximar mais da família, e poder morar mais próximo do emprego, vai ser um tempo para repensamos a qualidade de vida.” Disse o empresário

A diretora da Acrimat em recente entrevista ao programa Mais Noticias, declarou que hoje o Brasil exporta 25% da carne bovina e mantem 75% aqui no Brasil, onde ela falou que é difícil inverter esses números, paras reaquecer a economia, mas no caso da suinocultura, isso é possível?

“Na suinocultura, também não é diferente, nos temos dois terços da nossa produção no mercado interno, e o um terço cerca de 25% a 30% é para exportação. Existe um espaço para que possamos aprimorar e incrementar essa exportação, no caso da suinocultura precisamos diversificar os países que importamos. Durante muitos anos, o nosso principal comprador de suíno era a Rússia, chegando a representar 70% de exportação da Suinocultura, hoje o nosso principal importador é a China e Hong Kong com volumes significativos, mas a qualidade da carne brasileira vem abrindo novos territórios, e hoje existe muita barreira não tarifária, a exemplo de países da Europa que colocam uma série de medidas que alegam ser sanitárias, mas na realidade são barreiras para impedir as entradas do acesso da nossa produção nesses países, para preservar a produção regional deles, tendo em vista que a produção brasileira é muito mais competitiva. Do ponto de vista dos resultados os nossos hoje são excelentes, e causam inveja a qualquer pais a nível mundial, como também os nossos custos de produção que ainda são um pouco menores do que os deles, já não é mais aquela diferença tão grande. Nossos custos aumentaram muito, nosso sistema tributário é significativo hoje, com os custos de energia elétrica e mão de obra que tem aumentado no Brasil, fazendo com que diminua a nossa competitividade, mas ainda existe espaço para aumentar a exportação sim.” Disse o empresário Reinaldo.

Já que existe espaço para aumentar a exportação, a saída seria aumentar a produção colocando em 50% a 50%?

“Para conseguirmos aumentar a exportação, pois temos compradores, mas o nosso grande entrave hoje é a habilitação das plantas. O ministério da agricultura, a ministra Thereza Cristina, tem feito um bom trabalho, no sentido de abrir os mercados mas precisaríamos ter um pouco mais de flexibilização, principalmente do governo chinês para habilitar novas plantas no Brasil, principalmente da suinocultura, porque temos hoje a produção para atender a China, mas temos a limitação porque nem todos os frigoríficos tem licença para exportar para China, onde essa habilitação é feita por técnicos chineses e essa pandemia tem atrapalhado um pouco o processo de exportação para a China. Hoje onde eu vejo que temos um grande espaço para aumentar a produção brasileira de suínos, mas também incentivar o consumo do mercado interno, apesar do consumo de 75%  ainda é baixo per capita, onde a população come pouco a carne suína. No Brasil hoje chegamos a 16kg ano de consumo por pessoa, enquanto aves e bovinos passam de 40%, em contra partida na Europa, hoje tem países que consomem 80kg de carne suína por ano e o Brasil apenas 16Kg, ou seja cinco vezes menos, levando em conta que no Brasil o maior consumo de carne suína é na forma de embutidos como presunto, salame e carne industrializada, mas a carne in-natura tem ainda baixo consumo” Completou Reinaldo 

Ele como empresário, tem alguns frigoríficos no interior de Mato Grosso, onde emprega alguns milhares de funcionários ajudando no desenvolvimento das cidades,  e se deixar ele abre mais frigoríficos, levando desenvolvimento e emprego para outras cidades do estado:

“A ideia nossa é transformar grãos em justiça social, podemos trazer e transformar a produção de Mato Grosso, hoje que é um gigante na produção de grãos e não só ficar vendendo comodidites, pega aqui uma fazenda que produz mil ou dois mil hectares e tem uma dúzia de funcionários, carrega esse grão manda para o porto e vai para fora, ao ponto de nós pegarmos esse milho, essa soja, que é produzido aqui em Mato Grosso e transformar ele em proteína animal, seja na carne suína, na carne de frango e na carne de boi, vamos agregar valor a nossa produção, três, quatro vezes mais onde exportaremos quatro vezes mais em termos de valor, só que iremos deixar no meio do caminho um rastro de prosperidade na região, empregaremos milhares e milhares de pessoas, tanto na produção de suíno, quanto na industrialização nos frigoríficos e poderá gerar desenvolvimento aqui em Mato Grosso, principalmente no interior do estado, aonde as produções e os frigoríficos estão instalados. O exemplo disso é quando adquirimos as unidades aqui em Mato Grosso no inicio de 2014, e chegamos em Pedra Preta onde tem uma granja de 1.200 matrizes que estava com 2 funcionários, a granja estava fechada e não tinha ninguém trabalhando e também não tinha nenhum animal, reativamos essa granja em Pedra Preta e hoje tem dezenas de funcionários trabalhando lá gerando emprego e renda, chegamos em Diamantino a granja de 300 funcionários estava com apenas 50 e estava em processo de 1 ano de desativação, onde ela estava em processo de desativação e hoje é a segunda maior geradora de emprego do município, todos já estavam desempregados 250 pessoas que  tinham sido demitidas e os outros 50 estavam em dias de acontecer a demissão, nós fomos para lá investimos mais de 90 milhões de recursos próprios, reativamos a planta e hoje só em Diamantino temos 350 funcionários. Mesma coisa em Tangará da Serra, tinha um frigorifico bovino que já estava fechado há mais de sete anos, arrendamos aquela unidade, reformamos, transformamos para o abate de suíno e hoje temos mais de 100 funcionários trabalhando em Tangará da Serra. Em Várzea Grande a unidade estava fechada há mais de cinco anos, onde reativamos também e tem centenas de pessoas trabalhando nessa unidade. Então só nesses exemplos, nós somos agressivos sim, mas na geração de renda oferecendo dignidade para as pessoas que trabalham conosco.” Finalizou Reinaldo

O programa Mais Notícias, é transmitido de segunda a sexta das 11h as 12h no canal TV Mais News 17.1.
 
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