Caio Dias
“Desculpa, pode repetir?” “Não entendi o que você falou”, se você repete muito estas frases, pode ter certeza que está começando a perder a audição de forma mais acelerada, então nesse momento o certo é procurar um especialista para tratar e até mesmo impedir a queda mais rápida. A doutora Samia Helena Ribeiro, que é fonoaudióloga foi até os estúdios da TV Mais, para falar um pouco sobre a perda de audição, que é um fator que pode abalar uma pessoa e levar ao quadro até de depressão.
Quando normalmente o adulto ou uma pessoa próxima da famosa “terceira idade” começa a ter problema auditivo, as festas, os aniversário e encontros começam a ficar mais difícil comparecer, pois quando vão não entendem o que acontece e isso pode levar até uma depressão no ser humano, onde ele quer participar mas, porque acontece essa perda de audição?
“Com a perda de audição traz uma alteração na sua comunicação, na sua compreensão, no seu entendimento e altera totalmente o emocional, porque uma pessoa que não consegue escutar, não consegue entender o que está sendo falado. Tenta imaginar tentar ouvir outro idioma, o alemão por exemplo, você fica “Meu Deus o que está acontecendo, o que está sendo falado?” você fica perdido naquela situação”. Comentou a fonoaudióloga.
“O deficiente auditivo dependendo do grau dessa perda, ele se encontra em um ambiente que não sabe o que está se passando, o que está acontecendo, fica muito ansioso, começa a ficar deprimido, então se para nós quando escutamos outra língua ficamos assim, imagina para uma pessoa que escuta o nosso idioma no dia a dia. Então os pacientes comentam que acabam deixando de frequentar festas, aniversários, porque vão para o local e não entendem o que está se passando, então quando falam com eles, acabam ficando com cara de paisagem. Se divertir com os filhos, netos, eles também evitam porque a televisão fica alta e acabam incomodando ao redor, e por isso preferem ficar no quarto quietinho.” Completou Dra. Samia
Mas se o adulto tem uma perca de audição rápida, quer dizer que o brasileiro tem enfrentado bastante problemas:
“Sim, porque é a exposição ao ruído, mas esse problema não é só no Brasil, mas sim no mundo inteiro. Vem aumentando o índice de perda de audição devido ao excesso de exposição de ruído que é um dos fatores que podem levar a surdez, e para identificar se você está apresentando alguma alteração auditiva, começa a observar o volume da sua televisão ou ainda fica pedindo para repetir quando falam contigo “Oque foi mesmo que você falou?”, “repete para mim” Então começa a aparecer algumas duvidas do que a pessoa falou, a preferir falar de frente com outra pessoa, pois fica mais fácil entender, e quando se trata de crianças começam a ter trocas na escola na fala quanto na escrita” comentou a fonoaudiológa.
Você como profissional, já identificou que as crianças estão perdendo a audição muito mais fácil?
“Já identifiquei e muito, e o ano de 2019 me marcou muito por conta de crianças acima de sete anos, sendo diagnosticadas com perda de audição. Hoje temos o exame chamado “Teste da Orelhinha”, que identifica se a criança tem uma perda de audição, pois sendo precocemente diagnosticada, poderá acontecer a intervenção, sendo protetizada se não for com aparelho vai com implante. E crianças diagnosticadas tardiamente, provavelmente não fizeram uma triagem auditiva ao nascer e quando adultas elas são prejudicadas. Por isso desde bebezinho é feito o teste da orelhinha para proteger a criança. O diagnóstico é feito pelo otorrino e dependendo do quadro poderá ser caso de cirurgia ou colocação de aparelho que desde os seis meses podem ser usados” comentou Dra. Samia.
E o fone de ouvido pode ser um agravamento, pois hoje os jogos estão cada vez mais altos e os fones cada vez melhores:
“Sim, por causa do fone de ouvido, vídeo games com headphones, e os games usados são os mais barulhentos são os que tem tiros. Então imagina o som, é como se estivesse praticando um tiro na realidade, porque você está com o fone de ouvido com o som altíssimo. A minha orientação é para os pais ficarem atentos, porque hoje, quando a criança fica jogando diariamente poderá ter o aumento e o agravamento do problema” comentou a fonoaudióloga.
E se os fones de ouvido estão ficando cada vez mais potentes, e a combinação de games barulhentos e musicas mais altas, qual o tempo de exposição?
“Sim, na legislação fala, se você estiver ouvindo em uma intensidade de 80 decibéis, você pode ficar até oito horas. A partir do momento que vai para 85, o ideal é reduzir pela metade o tempo, ou seja, quatro horas e se ainda sim aumentar mais para 90 decibéis, use apenas duas horas. Não temos como controlar a intensidade do volume, dos jogos, das músicas, filmes. Então evite o máximo possível” comentou Dr. Samia.
Bom então tem uma idade que a perda de audição começa?
“Em idoso, a partir dos 60 anos, onde falamos que o ouvido do idoso está envelhecendo, e que nós todos iremos passar por isso. Por isso quando estiverem chegando próximo a essa idade, é bom fazer uma avaliação preventiva, porque quando o paciente chega até você, ele já está em um grau que a família fala: “Papai está triste, papai não sai mais de casa, não sorri mais”, então eles falam também que tem que elevar a voz para falar e acaba parecendo uma briga para quem não conhece, porque na maioria das vezes se parece com gritos. Então tem solução, mas nada como tratar desde o inicio esse problema. Hoje tenho em meu consultório, pessoas protetizadas, com aparelhos auditivos, pessoas da minha idade já sendo tratados, porque temos mais acessos a aparelhos.” Comentou Dra. Samia.
Existe uma brincadeira com pessoas que precisam usar óculos que é a seguinte “Não coloque óculos, pois quando você coloca, a cada ano você perde mais a visão”, e com o aparelho auditivo isso é um mito, ou funciona ao contrário?
“Não, pelo contrário como vamos envelhecendo, o nervo auditivo atrofia se não usar o aparelho. E nesse momento que deve deixar o paciente adaptar, pois esse aparelho será parecido com uma fisioterapia para esse ouvido e não deixará perder a compreensão, pois quanto mais velho, mais se perde a memoria auditiva. Teve casos onde eu coloquei um aparelho em um paciente, falei a palavra cabelo e ela escutou, porém não entendeu. Isso acontece porque quanto maior o grau da perda, a pessoa escuta a palavra, mas não compreende. Então em alguns casos, pedimos para que os pacientes façam um treinamento auditivo, para recuperar a mobilidade do nervo, pois está atrofiado.” Finalizou Dra. Samia,