Os resultados da pesquisa “Diagnóstico da Cadeia Leiteira em Mato Grosso” realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) neste ano acendeu luz vermelha e fez o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite/MT), Dolor Vilela, buscasse socorro junto a parlamentares, instituições governamentais e privadas na tentativa de resgatar a cadeia produtiva.

O levantamento aponta que 75% dos pecuaristas estão acima dos 40 anos, chamando atenção para o envelhecimento no meio rural, baixa adesão da sucessão familiar com os filhos desinteressados na atividade. A maior parte dos produtores tem o ensino fundamental completo e 60% dos produtores ainda utilizam a ordenha manual para coleta do leite, demonstrando a baixa tecnificação das propriedades.

Somado a isso, muitos produtores estão abandonando a atividade pela baixa remuneração do litro do leite, que chega a menos de R$ 2 o litro, inviabilizando a produção. Por sua vez, as cooperativas e os laticínios não tem políticas de premiação ao produtor pela qualidade do leite, estimulando boas práticas.

“Tem tantos problemas que a gente não sabe nem para onde começar. O principal problema é a questão do custo da produção, que é produzir o leite, manter essa pessoa no campo, porque a questão do custo está intrinsicamente ligada a rentabilidade do produtor. A cadeia do leite pode evoluir, mas na situação em que ela está, precisa da ajuda. Precisamos das instituições públicas e privadas que possam nos ajudar nesse momento de dificuldade”, argumentou Dolor Vilela.

A Assembleia Legislativa, por exemplo, já criou Frente Parlamentar de Apoio ao Produtor de Leite em maio deste ano. Produtor de leite, o deputado estadual Gilberto Cattani (PL) também destaca que é necessário ajudar o setor produtivo que vive uma pressão nos últimos anos, de baixa remuneração do preço do leite.

Para o superintendente do Imea, Cleiton Gauer, a ajuda estatal é fundamental, pois são muitos desafios para alavancar a cadeia produtiva do leite, passando pela organização fundiária, questão fiscal, tributária, assistência técnica, inspeção sanitária.

“São várias coisas que precisam caminhar em conjunto. Eu acho que uma ação só, nesse momento, não vai ser suficientemente conseguir reverter essa redução de produção que a gente viu nos últimos anos. A gente tem que conseguir remunerar melhor o produtor, para ele se reorganizar e refazer os investimentos e também passa pela indústria. Para que os dois tenham sucesso na atividade, é preciso pensar em políticas públicas para os dois”, disse Cleiton Gauer.

Ele ainda comentou que o baixo volume na produção também é um problema, na maior parte das propriedades, os produtores produzem até 100 litros por dia. Isso ocorre por falta de alimentação de qualidade dos animais. Contudo isso esbarra em investimentos em capim, sal mineral, ração que encarecem o custo de produção e aperta ainda mais a margem do produtor.

O estudo do Imea foi realizado entre 2022 e 2023 e ouviu 2.506 produtores de leite, 24 laticínios, 8 cooperativas de leite e 7 estabelecimentos de varejo.